Cinzas de amor

Carina é o nome dela
Não se dava há algum tempo
Mas se deu, como era previsto para o momento
Muito ou pouco, isso não importava
Eram outros ares, outras faces
Ninguém para julgar, nem para apontar
Intensa somente, como se cada minuto fosse um desperdício de vida
Queria na festa um motivo para se sentir viva
O coração gelado como de costume
Se apaixonar era mero vislumbre
Três goles, dois tragos
E os beijos cada vez mais amargos
Sozinha de novo engolia o choro
Partia pra briga, arrumava intriga
O sangue era quente, não admite quem mente
Tão linda a menina, mas continua sozinha
Afinal, solitude não se quebra no gozo
Mas sim na preocupação, no cuidado
No abraço apertado
Dos dias, passaram-se três, quatro
E a cada noite era como um parto
Não de deitar, mas de vê-lo levantar
Da frieza, oportunidade
Ao dizer que saia porque já era tarde
E assim foi com um e mais outro
E outro depois do outro
O que tinha de linda, tinha de força
Como eu queria pra mim essa moça
E quem a teve não soube aproveitar
O tanto de coisas boas que ela tinha pra dar
Foi retomar a rotina
Lembrou do carnaval com um aperto no peito
Sentia saudade, da cachaça à alegria
E também de tudo que havia feito
Conheceu tanto gente, mas um apego tão raso
Só porque é carnaval, se apaixonar seria um atraso?
Vai ver são sinais de novos tempos
Carina sorriu, mirou longe o olhar
Como sempre faz
Já não parece mais tão fugaz
Não volta para onde esteve tão cedo
Isso afugenta o medo
Observando os colegas, muitos com cara de ranzinza
Pensou: será que não aproveitaram o carnaval?
Vai ver é porque hoje é quarta-feira de cinzas…
Hora de voltar tudo ao normal.
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